O ESPETÁCULO

HAMLET 2012:
TRUPE DE JOVENS ATORES NAMORA SHAKESPEARE SEM PRETENSÕES E SEM PUDORES
Por: Carolina Floare


Uma história imortal, recontada em algum lugar do tempo. Talvez em 2012 – o ano do “ponto zero” – para que, ao mesmo tempo que a recontamos, a contemos pela primeira vez.

Em algum Reino indefinido à beira-mar, morre subitamente a Rainha. Dois meses passados, o Rei viúvo já está casado com sua antiga cunhada, a nova Rainha, para espanto do povo e revolta da Princesa, ainda em luto pela mãe. Acontece que o espírito inquieto da Rainha falecida ronda o palácio durante as madrugadas até conseguir se comunicar com a filha. A revelação é terrível: houve um assassinato. Uma irmã matou a outra para ter acesso ao poder e ao amor do Rei. A Princesa, intimada a fazer justiça e a endireitar seu Reino caído na corrupção de valores, renuncia ao amor, reflete e, consequentemente, hesita, procura provas através da loucura e do teatro... Uma vida interrompida por um destino maior que a vida: eis o caminho sinuoso da tragédia.

É isso mesmo. E se Hamlet fosse uma mulher? E se tivessemos uma Rainha assassina? E um Rei entre elas? E se Ofélia fosse Ofel? E se, mesmo assim, a história fosse exatamente a mesma?

“Hamlet” foi escrita por Shakespeare na virada para o século XVII e tornou-se a peça mais estudada, citada e encenada da história do Teatro Mundial. Obra literária divisora de águas, referência do Humanismo, de uma Revolução Moral. O ser humano que se liberta dos grilhões das certezas medievais da alma e ousa perguntar-se: ser ou não ser? A passagem da Idade Média para a Renascença continua a operar-se ainda hoje, em cada alma. É por isso que “Hamlet” nunca morre e é universal, por que é a maior reflexão sobre a condição humana.

“Hamlet 2012” é uma nova tradução deste poema ilimitado e, como tal, busca novos limites da sua beleza e vigor originais. Ao mesmo tempo, é uma adaptação da obra para esse tempo e esse espaço definidos apenas por uma contemporaneidade e por um mar. A inversão dos gêneros de (absolutamente) todos os personagens é um desafio experimental à própria essência da obra: o seu humanismo. Para a reflexão sobre a condição humana, obviamente tanto faz ser-se homem ou mulher. E é exatamente essa essência da obra que queremos fazer ressaltar, através da surpresa de estarmos perante a mesma história apesar da subversão radical das formas. Fora isso, é mais um “Hamlet” erguido por mais uma trupe de atores apaixonados por seu ofício, que um dia quiseram criar caminhos transversos e novos sentidos para tocar e viver a maior peça do mundo. Sem pretensões. Mas também sem pudores.



A peça
teve uma primeira curta temporada no Planetário da Gávea, nos dias 
13, 14, 15 e 16 de fevereiro de 2012, às 20h.

A segunda temporada aconteceu de 10 de março a 8 de abril de 2012, sábados e domingos, às 19h, no Teatro Municipal do Parque das Ruínas.

A última apresentação da peça foi no X Festival de Teatro Cidade do Rio de Janeiro, no dia 1 de junho, às 21h, no Teatro Princesa Isabel, em Copacabana.